quarta-feira, 14 de abril de 2010

Café Vianna: Ex-líbris da cidade serve café desde 1871

Por lá já se sentaram escritores como Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco. Passados quase 140 anos, o Café Vianna continua a ser o ponto de encontro de muitos, simplesmente para to- mar café e pôr a conversa em dia, tendo como pano de fundo uma paisagem invejável. Nem os turistas resistem e não saem da cidade sem ir ao café, pelo menos tirar fotografias.


Muitos clientes, sabendo da iniciativa do ‘Correio do Minho (CM)/Antena Minho’ (AM), fizeram questão de ontem levar o jornal para ler atenciosamente enquanto tomavam o pequeno-almoço, oferecido pela casa.
O café nasceu em 1871 pela mão de um dos sócios fundadores, Manuel José da Costa Vianna. Com uma esplanada agradável sobre as arcadas, tomar café no Vianna já se tornou um ritual para muitos.

Artur Barros Pereira, proprietário do Café Vianna há 16 anos, admitiu que “é muito difícil arranjar bons artesãos que consigam manter as mesas e cadeiras como elas são”. E os clientes “exigem, porque admiram a traça original do café”. Até os turistas, assegurou, “ficam a olhar encantados e todos os dias aparecem turistas para fotografar o café e mesmo os portugueses pedem para tirar fotografias".


Natural de Porto d’Ave, Póvoa de Lanhoso, Artur Pereira partiu para o Brasil com 19 anos. Passados 24 anos regressou. “Estive numa pastelaria durante seis meses. Mas queria mais”, atirou. Não conhecia o Café Vianna, porque “quando era novo não tinha dinheiro para vir a Braga de camioneta e a pé era muito longe”. Por isso, quando regressou o Café Vianna encheu-lhe o olho. “É uma casa bonita e tinha que ser. É muito bom trabalhar aqui, tem bons clientes, bom ambiente”, garantiu.

Na ementa, os clientes ficam a conhecer um pouco da história do café. Para além da presença de escritores portugueses, o café já foi um ‘banco’. “No tempo da guerra, em 1921, não havia trocos em Braga e o Café Vianna dava senhas às pessoas que trocavam por artigos, por exemplo, na mercearia”, contou.


Mas a história não fica por aqui. “Em 1936, o café virou centro revolucionário e aqui foi lançado o jornal ‘O Primeiro de Janeiro’ em Braga”, referiu o actual proprietário.
Hoje, o Café Vianna continua a manter a fachada do bon vivant e não há político que por ali não passe em época de campanha eleitoral.